(by Miss Blue)
Ninguém diria, Mr.
Budget. Pelo nome e pela localização, achei que este este um daqueles
restaurantes feitos à medida da sua carteira. Fomos lá parar porque uma amiga
conhecia a dona, o que podia correr muito bem ou muito mal – a imparcialidade
tende a ficar de fora nestas sugestões. E como a ideia era organizar um jantar
de Natal para um grupo médio, a ideia de ir para o meio de Santos, entre hordas
de adolescentes consumidores de péssima sangria e a impossibilidade de
estacionar, tenho de reconhecer que a burguesa profunda que há em mim se
encontrava bastante céptica com toda a combinação.
Mas, como pessoa de
palavra, não inventei nenhuma desculpa e fiz-me à estrada, ou melhor, às ruelas
de calçada, a pé, com a promessa de petiscos a 3 euros e meio a brilhar ao
fundo do beco escuro onde nunca me apanhariam sozinha, por melhor que seja a
vizinhança. E assim que cheguei, engoli logo 50% das objecções iniciais. O
restaurante, mínimo e acolhedor, estava bem decorado, em “burgundy” que é como
se chama ao grená agora e a luz baixa e difusa prometia petiscos deliciosos
para partilhar a dois.
(Acrescento aqui uma
nota de desculpas para o pobre casal que o tentou fazer de forma inglória,
continuamente interrompido por gritos selvagens e afirmações polémicas que são
apanágio da maior parte das pessoas que constituía o nosso grupo.)
Éramos 8 que passaram a
11 e depois de recebermos os
deliciosos saquinhos de pão para provar o azeite e o paté, abrimos as
hostilidades com ginjinha do Poeta e, entre vários petiscos, saboreámos uns belíssimos
ovos com farinheira com a textura perfeita; uns peixinhos da horta que
estalavam no limão; morcela com maçã e mel absolutamente divinal; pataniscas
que tinham de facto bacalhau; e frango à passarinho com esparregado; sempre em
doses muito bem apresentadas e com o tamanho ideal para deixar um bocadinho de
espaço para provar a próxima.
As corajosas da mesa
ainda aceitaram o repto da proprietária, que as desafiou para umas panquecas de
frutos vermelhos que fariam as delicias de qualquer pequeno-almoço (estou aliás
muito tentada a voltar lá para petiscar numa sexta à noite e levar uma caixa da
tupperware (shiu, cale-se!) para trazer o pequeno-almoço perfeito para o Sábado
de manhã. Com uma textura extraordinária e com a acidez os frutos vermelhos a
cortar a doçura da massa, acabaram por ser provadas por quase toda a gente, com
grande descaramento.
Quanto às sangrias, Mr
Budget... dizer que houve quem se juntasse ao grupo mais tarde só para as
provar não é nenhuma mentira. Leves, frescas e muito frutadas, deram um óptimo
mote ao início e ao fim da refeição. O tinto que se bebeu com os petiscos fica
a seu cargo comentar, devido à quantidade de copos que ingeriu. O meu ginger ale estava óptimo
e confesso que volto lá seguramente, para molhar tanto o pão, como o bico,
assim que me for permitido voltar a consumir álcool de forma irresponsável e
sem moderação. É que afinal estamos em Santos e temos de nos comportar de
acordo com a situação.