D'Oliva


(by Miss Blue)
Muito se fala deste restaurante, Mr Budget. Por ser um buffet (à hora de almoço) acessível, por ficar numa zona bem frequentada, por ter gente bonita nas mesas, por ter empregados atentos à volta. Também existe discórdia sobre a diferença do almoço para o jantar, como um rapaz da terra que vai estudar para a universidade e se envergonha do que era. O jantar, segundo dizem, é snob e arrogante. O almoço, simpático e descontraído.
Não sei se concordo muito. Só tive a amostra do almoço para criar uma opinião e confesso que não é das melhores. O ambiente varia entre o preto, o azul-marinho e o azul-escuro, que é a cor dos fatos dos homens que trabalham ali à volta. Todos com os seus cabelos impecáveis e as suas gravatas arrumadas, os seus telemóveis a fazer “pendant” com os talheres e os seus assuntos importantes falados em voz (não muito) baixa. As senhoras acrescentam alguma cor... nos cabelos. Devem existir mais pessoas louras neste restaurante que em qualquer outro de Lisboa. A indumentária continua a ser preta. Ou bege, que é o preto dos betinhos.
Tanto julgamento de valor para tão pouca conversa sobre a comida, não é Mr. Budget? É que a comida não interessa grande coisa por aqui. Mais uma vez assumo: é possível que a comida da carta seja diferente e que o ambiente ao jantar seja menos monocromático, mas tenho dúvidas. Provámos o carpaccio de carne e a salada caprese; saltámos a mesa que tinha milho e grão e feijão-frade e todas as coisas que existem em todos os buffets de saladas. Pedimos a limonada, que era excelente e arriscámos um polvo à lagareiro que não podia ser mais parecido com almoço de cantina. Não sei como estava o seu pernil, mas tinha bom aspecto. As sobremesas estavam bem apresentadas e o prato de fruta laminada e de fatias de queijo foi consumido com alguma indiferença.
Após o café, a atenção algo intensa dos empregados ao início foi substituída pelo seu desaparecimento súbito. Tentámos pagar, tentámos pedir o multibanco, mas como já eram 3 da tarde e o restaurante já estava vazio, devem ter pensado que nós nos arranjávamos sozinhos. E foi o que fizemos, obedientemente, levantando-nos e esperando de pé junto à caixa.
Neste D’Oliva, houve 3 momentos interessantes: descobrir se o actor que por lá andava para trás e para a frente era contratado ou se tinha alguma coisa a ver com o restaurante (tinha); tentar perceber a função da televisão nas casas-de-banho - e a ausência de cesto para colocar os toalhetes de papel de limpar as mãos (não descobrimos); e sair de lá para fora, sabendo que muito dificilmente lá iremos ao jantar tirar dúvidas.