Sítio dos Bons Amigos

(by Miss Blue)
Mr. Budget, que logro.
Há anos e anos que ouço falar (bem) deste sítio e ontem, devido a saída profissional tardia, resolvi arriscar. Fica bem escondido nas traseiras do Centro Comercial Roma e o néon que anuncia como qualquer outro uma cervejaria/ marisqueira não augura nada de bom ou mau.
As expectativas vão altas, já que é conhecido por ter um óptimo serviço e uns croquetes maravilhosos. A porta está fechada e é preciso tocar à campainha. Normal, nestes sítios abertos noite dentro quando nunca se sabe quem vai tentar entrar. Aparece o empregado, que ostenta aquela mistura indefinível de subserviência e arrogância que eu achava que já só se encontrava no Solar dos Presuntos. Conduz-nos à mesa, com o restaurante vazio e a sportv no ar. As stouts de pressão que nos apressamos a pedir vêm pouco frescas, quase aguadas – o que intensifica, infelizmente, o travo amargo que esta cerveja pode apresentar. Seguidamente, chega à mesa um pratinho com três rolinhos de manteiga, uma cesta com carcaças cortadas às fatias e torradas (juro que nunca hei-de compreender quem primeiro se lembrou de servir isto e, acima de tudo, quem efectivamente come este pão que me faz sempre lembrar as sopas que se fazem para as galinhas no campo) e os croquetes. Hum. O aspecto já desiludiu – são pequenos, magros e compridos. Toda a gente sabe qual é o aspecto perfeito de um croquete, que deve ser gordo para satisfazer na primeira dentada e curto, para não se tornar obsceno trincá-lo. Dizia eu que chegaram os croquetes, quentinhos, com um frasco de mostarda em vidro e uma espátula para a espalhar. Isto agrada. Até trincar o croquete magro e comprido, que é mole, quase flácido devido ao calor, sem aquela capa estaladiça que antecede o recheio cremoso e bem temperado. Sabe a carne e mais nada. Eu sei, Mr. Budget, parece que levo os croquetes demasiado a sério e ainda nem passei das entradas. Mas a verdade é que abandonei a minha dieta estritamente vegetariana por um croquete e sinto-me defraudada. Além disso, depois de provar os do Tico-Tico, acredito que mais nenhum alguma vez se vá comparar. Mas isso são os meus assuntos mal-resolvidos. Adiante. Pedimos uma carne de porco na frigideira (explicada como carne de porco à alentejana, mas sem as ameijôas) e que se revela uma carne de porco “chiada” na frigideira, tal a aspereza do aspecto exterior, sem tempero nem ameijôas nem nada a não ser boas batatas aos cubinhos (mal-fritas, mas é assim que eu gosto delas) e salsa polvilhada por cima. É apontado que foi requentada, o empregado garante que não, vá, somos todos amigos e já todos percebemos que nunca mais vamos cá voltar. O meu arroz de polvo está salgado, com polvo duro e arroz que sabe a polvo duro e salgado e pronto.
No meio, abandonámos as stouts e pedimos boémias, que também chegam cansadas, pouco frescas, em copos grandes. Ficam as metades.
Apressamo-nos para o café, que está queimado, pagamos 15 euros cada um e saímos.
Eu já tinha a certeza que um restaurante se mede pelos cheiros e aquele cheirava a fritos antigos com fumo de cigarros. Mal, portanto.