A Antiga Moagem:


(by Miss Blue)
Assumo que sou uma grande interesseira, Mr Budget. Fui parar a esta belíssima Hospedaria-Restaurante-Museu por pura conveniência – havia um casamento para assistir, uma noite inteira para dançar e o Vimieiro era a localidade mais próxima com alojamento decente por perto naquele belíssimo canto alentejano. Assim, chegámos com tempo apenas para ficar com a chave do quarto e mudar de roupa. Não prestei grande atenção ao sítio, de entusiasmada que estava com a grande festa que se avizinhava. 
Foi só às 7 da manhã – no regresso -  que vi o pátio frenético com a actividade dos caçadores-madrugadores e percebi que a estalagem já estava toda a pé à hora que me preparava para dormir, que percebi que devia ter ido parar a um sítio especial. Depois de descansar o suficiente para acordar à uma e meia da tarde a morrer de fome (e de dores nos pés, de tanta danceteria), achámos que o melhor era esquecer brunches e demais manias citadinas e passámos directamente para o restaurante. Como o nome indica e eu só então percebi, toda a estrutura (hotel, museu e restaurante) está situado numa antiga moagem verdadeira, com toda a maquinaria necessária bem cuidada e restaurada que dá o tema a toda a zona, com pedras de mó gigantes a enfeitar o restaurante. Que é belíssimo, à antiga, com mesas grandes a chamar famílias em várias gerações e espaço suficiente entre todas para se poder conversar a dois em paz.
Como entradas, foi-nos apresentado um tabuleiro cheio de petiscos de ar delicioso, entre queijinhos, azeitonas e saladas, do qual escolhemos os pimentos assados em molho de alho (deliciosamente picantes) e as carnes fritas (linguiça, farinheira e toucinho) primorosamente crocantes e saborosas. Nada melhor para o pequeno-almoço que era. Nos pratos principais, escolhemos as migas de espargos e as migas de tomate, cada uma acompanhada pela sua carne de alguidar, em várias peças, com e sem osso, sem aquele sabor excessivo tão característico a pimentão. As migas – qualquer uma das variantes – eram divinais, bem no ponto, nem secas nem moles, bem consistentes e com o grau exacto de acidez para equilibrar o sabor da carne. Finalizámos com uma encharcada fresquíssima (porque mais hidratos de carbono era mesmo o que estava a fazer falta naquela refeição) e saímos de lá a rebolar sem vontade nenhuma de voltar a Lisboa. Não faço ideia do preço da refeição (nem da estadia), mas aconselho vivamente que se passe por aqui num fim-de-semana de périplo alentejano, daqueles bem hedonistas que têm como único propósito comer bem para a seguir dormir melhor.